O sistema universitário não leva em consideração as competências profissionais e emocionais exigidas pelas empresas. Esta crítica é conhecida por muitos e podemos destacar as principais questões.
A preocupação maior dos palestrantes está no descompasso existente entre as gerações de mestres e aprendizes e na fórmula para vencer a lacuna tecnológica entre eles. Como diminuir o fosso entre os “nativos digitais” e os professores que não dominam os princípios da Internet? E como acompanhar a velocidade das mudanças? Em 2013, por exemplo, o Facebook e o Twitter eram apenas conhecidos como redes sociais, não tinham ainda desenvolvido o seu grande potencial de online e muitos professores nem sequer sabiam que eles existiam.
Outro grande desafio da educação superior é superar a diferença entre o conteúdo dos cursos universitários e os conhecimentos valorizados pelo mercado de trabalho. Ao contextualizar o pensamento e as preocupações das autoridades mundiais do ensino superior, a maior parte das instituições universitárias não levam em consideração as competências requeridas pelas empresas. Além disso, não conseguem superar a diferença entre o conteúdo dos cursos universitários e os conhecimentos valorizados pelo mercado de trabalho.
A mudança no modelo de negócios na vida empresarial ocorre numa velocidade tão grande e rápida que a universidade não tem como seguir e se adaptar. Esta é uma questão crucial para os nativos digitais das novas gerações que, ao aspirarem acompanhar um mundo em constante transformação, colocam em cheque a relevância da Universidade.
Os alunos do futuro receberão a sua educação de muitos provedores diferentes e não apenas da universidade. O problema maior do ensino superior é que as instituições educacionais estão perfeitamente adaptadas a ambientes que já não existem mais. As chamadas novas tecnologias deveriam ser objeto de mais atenção por parte das universidades.
Nossas escolas de negócios e faculdades de engenharia estão estáticas, não se modernizam e nossas ações não ajudam a desenvolver os incentivos corretos, pois não há inovação e, mesmo havendo, não é difundida por causa das estruturas anacrônicas que criamos.
Os alunos se movem rápido, eles querem falar três idiomas, mudar de universidades durante o curso e, talvez, trabalhar para um empregador em outro país, por isso precisamos concordar que precisamos olhar para o ensino secundário e o ensino superior como um todo.
Apresentando um ponto de vista diferente, podemos argumentar que os sistemas de ensino superior têm sido notavelmente bem-sucedidos no atendimento às necessidades da sociedade, citando como exemplo a Universidade de Leiden (https://www.universiteitleiden.nl/en), de modelo clássico, com ótima reputação no sistema de ensino holandês e com a oferta de um ensino que vai ao encontro do desejo dos estudantes. Nós não sabemos para onde a sociedade está indo, então vamos ouvir os alunos através de suas formas de avaliação, e ex-alunos, bem como o mercado de trabalho, em vez de tentar reinventar a educação.
Ora, os estudantes do mundo moderno e os brasileiros não fogem à regra, dominam as ferramentas digitais muitas vezes mais do que seus professores. Devido ao próprio ambiente colaborativo e competitivo em que vivem, estão muito mais sintonizados com os últimos lançamentos de smartphones, tablets e outros. Por outro lado, cabe perguntar: Que uso fazem dessas ferramentas? Na maioria das vezes se limitam ao uso recreacional e ignoram o potencial desses recursos no avanço da comunicação, das ciências e das técnicas.
Os grandes desafios para uns podem ser transformados em oportunidades para outros. Pelo que se viu não faltaram pessimistas ou realistas desacorçoados. No entanto, mesmo existindo opiniões divergentes, não se pode temer as transformações.
Ficou ainda patente que a função da universidade é dar base profunda de conhecimentos para os egressos atuarem no mundo real e buscarem a integração com a sociedade, tanto na provisão de serviços (extensão) quanto no desenvolvimento das pesquisas de interesse social. Além disso, o sistema precisa: a) reagir à realidade dos dias atuais e vencer a defasagem tecnológica entre professores e estudantes; b) buscar relacionar-se com os empregadores para entender o perfil das pessoas hoje requisitadas; c) preparar profissionais para além das competências técnicas, isto é fazê-los chegar àquelas exigidas pela inteligência emocional.
O sistema universitário precisa finalmente estar inteiramente associado aos níveis anteriores de ensino para que os estudantes cheguem aos cursos superiores mais preparados. E, mais, que saiam da universidade prontos para atuar e transformar a realidade. A geração do milênio é criativa, cosmopolita, empreendedora (https://www.empreendedorasnet/), sociável, com uma consciência global distinta das gerações anteriores, pois está comprometida com mais qualidade de vida e um mundo melhor e mais igualitário.
Acredito finalmente, e esta tem sido a tônica de meus artigos, que a universidade tem como função precípua, para caminhar pari passu com o mundo moderno, otimizar a função dos aparatos tecnológicos na construção do conhecimento científico, visando ser de fato o gigante sobre cujos ombros os estudantes possam ver mais longe e atuar como agentes transformadores da realidade social.
Fontes: Revista Gestão Universitária.
Imagem de Gerd Altmann por Pixabay.
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